Afinal, quando se vê um filme, o que se espera dele? Certas pessoas assistem a filmes contando com um bom entretenimento para o final de semana. Outras, para adquirir alguma bagagem para alguma questão.
Muitos buscam encontrar receitas para se viver ou respostas que não são encontradas no dia a dia, enquanto poucos não se satisfazem quando os filmes não vão ao encontro com suas concepções de inovações (estética, temática, conceitual).
O que é possível se achar quando se olha para certos filmes com uma bagagem cultural e intelectual imutável? O que se encontra ao se deparar com o cinema de um Otto Preminger? Don Weis? Michael Cimino?
Às vezes, para se justificar uma paixão por certos filmes não é suficiente a minúcia com que o cineasta executa uma cena ou a forma como ele faz a junção de dois planos, é preciso recorrer à “bodes expiatórios”, ou seja, aos famosos chavões.
É preciso falar da complexidade de personagem X, do conteúdo político subliminar ou do cunho filosófico implícito na narrativa, etc. Coisas que existem mais na mente de quem assiste do que nas imagens dos filmes.
Do outro lado, para justificar o desprezo por certos filmes, se julga obras simplesmente por não trazerem nada de novo sobre determinado tema, ou pior, menospreza-se filmes quando não se consegue enxergar a beleza das composições. Como se beleza significa-se apenas filmar cada paisagem como se fosse um cartão-postal.
Muitas vezes um filme funciona como um relógio no que concerne sua fruição. Por vezes, com um relógio, as pessoas se preocupam demais com seu ornamento, cores e dimensões dos ponteiros e se esquecem de olhar as horas.
Há cineastas que dão ao espectador apenas as horas, ou seja, o cinema em sua essência e classe. Um cinema que não há palavras pra se definir, há apenas o que se ver e sentir.
Cinema em que se nota certas coisas no andar do ator, no gesto. Cinema em que há coisas à vista e tantas outras escondidas, no qual essas coisas escondidas (sentimentos) são iluminadas exatamente quando aquelas que estão visíveis (os gestos) trabalham.
Basta uma lente absorvendo o ambiente de uma igreja seguida por um close-up de Clint Eastwood vestido de padre, com uma estranheza em sua voz ao dar o sermão, para que o espectador desconfie de que seu personagem não faz parte daquele ambiente, no filme “O Último Golpe”, dirigido por Michael Cimino em 1974.
Muitos buscam encontrar receitas para se viver ou respostas que não são encontradas no dia a dia, enquanto poucos não se satisfazem quando os filmes não vão ao encontro com suas concepções de inovações (estética, temática, conceitual).
O que é possível se achar quando se olha para certos filmes com uma bagagem cultural e intelectual imutável? O que se encontra ao se deparar com o cinema de um Otto Preminger? Don Weis? Michael Cimino?
Às vezes, para se justificar uma paixão por certos filmes não é suficiente a minúcia com que o cineasta executa uma cena ou a forma como ele faz a junção de dois planos, é preciso recorrer à “bodes expiatórios”, ou seja, aos famosos chavões.
É preciso falar da complexidade de personagem X, do conteúdo político subliminar ou do cunho filosófico implícito na narrativa, etc. Coisas que existem mais na mente de quem assiste do que nas imagens dos filmes.
Do outro lado, para justificar o desprezo por certos filmes, se julga obras simplesmente por não trazerem nada de novo sobre determinado tema, ou pior, menospreza-se filmes quando não se consegue enxergar a beleza das composições. Como se beleza significa-se apenas filmar cada paisagem como se fosse um cartão-postal.
Muitas vezes um filme funciona como um relógio no que concerne sua fruição. Por vezes, com um relógio, as pessoas se preocupam demais com seu ornamento, cores e dimensões dos ponteiros e se esquecem de olhar as horas.
Há cineastas que dão ao espectador apenas as horas, ou seja, o cinema em sua essência e classe. Um cinema que não há palavras pra se definir, há apenas o que se ver e sentir.
Cinema em que se nota certas coisas no andar do ator, no gesto. Cinema em que há coisas à vista e tantas outras escondidas, no qual essas coisas escondidas (sentimentos) são iluminadas exatamente quando aquelas que estão visíveis (os gestos) trabalham.
Basta uma lente absorvendo o ambiente de uma igreja seguida por um close-up de Clint Eastwood vestido de padre, com uma estranheza em sua voz ao dar o sermão, para que o espectador desconfie de que seu personagem não faz parte daquele ambiente, no filme “O Último Golpe”, dirigido por Michael Cimino em 1974.
Basta a câmera avançar em direção ao James Stewart, assobiando enquanto dirige o carro, vestindo chapéu de pesca e carregando uma vara, para sermos arremessados no mundo do advogado decadente em “Anatomia de um Crime”.
Cimino no primeiro caso e Preminger no segundo. Nenhum dos dois nos dá nada além de uma competente aula de execução. Não estão ali inventando a roda, mas ambos a utilizam de um modo como poucos a utilizaram.
Existe algo nesses filmes que o cineasta Nicholas Ray chamaria de “revelar algumas almas em pleno trabalho”, ou seja, uma impressão de frescor, uma impressão de tudo aquilo que foi encenado, filmado e editado sem nenhuma imposição, como se estivesse acontecendo à frente do espectador, num passe de mágica.
É a impressão que fica na cena de “Anatomia de um Crime” em que James Stewart toca piano enquanto espera o resultado do julgamento que pode lhe dar a redenção profissional que tanto lutou no decorrer do filme para conquistar.
É a impressão que se tem quando Donald O’Connor dança e troca de figurino, entra e sai por várias portas de um cenário no musical “É Deste que eu Gosto”, de Don Weis.
Àqueles que procuram filosofias, receitas de bolos ou qualquer outro tipo de satisfação sórdida, a dica para quando se deparar com filmes que dão apenas o “básico”, ou seja, o cinema, o melhor a fazer é cair fora, porque a paixão de certos cineastas é simplesmente a paixão pelo ofício, o cinema.
É uma paixão e uma arte em franca extinção, é verdade. Não há muitos cinéfilos que apreciam isso no cinema, nem cineastas que priorizam tal qualidade, denominada pelos franceses por “mise en scène”, ou seja, “a arte do que se coloca em cena”.
Não é um cinema que busca documentar alguma coisa, comunicar ou entreter, é um cinema que se preza em revelar a verdade inequívoca do cinema, essa arte de desnudar e modular sentimentos.
3 comentários:
gostei muito diego, principalmente quando diz sobre o significado da beleza, seria apenas imagens belas de paisagens??????
muito bom seu blog, vou add aos meus favoritos, se eu lembrar como que faz isso ! rs bawseh ya
Olá, Nathália, valeu pela visita.
Bem, sobre sua pergunta eu diria que a beleza pode sim estar numa paisagem. Mas, é claro, não só dela.
Para mim, a verdadeira beleza vem mesmo ou da personalidade ou do inesperado.
Um gesto, um olhar, uma reação, um movimento... Tudo isso pode ser tão ou mais belo do que o topo de uma montanha ou as árvores da floresta.
Postar um comentário